Faço hoje o início de uma pequena da muitas outras homenagens que serão feitas, criadas e recriadas àquela que realmente fez muita diferença na vida da educação e em tantos outros espaços por onde transitou. Escrever sobre a Berenice não é muito difícil, pois ela deixou muita história e muita vivência concreta na igreja, na escola, na vida dos amigos, na família... Sem demagogia, sem hipocrisia, posso, de toda alma e razão dizer que valeu a pena ser seu amigo, valeu muito a pena os seus 40 anos, bem vividos. Não terei como escrever tudo, mas nas nossas aulas de campo na APAE, nas Trilhas do Itupava, nas visitas à casas de alunos e alunas, nos velórios, nas festas... sua presença fazia realmente a diferença e dificilmente será preenchida, da mesma forma tão despojada e despretenciosamente. Valeu muito conviver com você, que era por uma educação realmente inclusiva, na perspectiva de Paulo Freire, na pedagogia do amor.
O poema de Bertold Brecht:
Há homens que lutam um dia, e são bons; Há outros que lutam um ano, e são melhores; Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida Estes são os imprescindíveis.
Posso, com toda certeza, dizer que este poema de Brecht foi escrito para tantas pessoas que existiram e ainda por aqui vão passar e ele pode ser aplicado, na sua plenitude, à sua vida breve, mas tão intensa e marcante, os seus quarenta anos e onze meses formam concluídos dolorosamente, mas com uma garra e desejo de viver, difícil de ser visto com frequência. Alguém que foi pedagoga, na plenitude grega da palavra: paidós (criança) e agogé (condução), que realmente fazia de tudo para conduzir, da melhor forma possível, as crianças e jovens à autonomia humana e intelectual. Falo do profissional, mas teria muito mais e tenho a falar e escrever, mas deixarei, por hora, que outras e outros o digam também, enquanto vou remoendo uma mistura de dor da saudade de sua ausência física e a alegria de termos feito tantas coisas pela educação juntos. Se existir um céu, você certamente deve estar nele dialogando com Paulo Freire, Milton Santos, Ghandi, Mandela, Luter King, Zumbi, Escrava Anastácia, Marlene, Regina, Adair e tantos outros e outras que já viveram o poema de Brecht, cada qual na sua possibilidade. Obrigado por tudo Berê Helena Kolody São Miguel Arcanjo Monza... Terezinha Ourives.
Prof. Adão Aparecido Xavier.
Colombo, 29 de março de 2011